O presidente dos EUA, Donald Trump, vem adotando uma estratégia econômica baseada em tarifas de importação e proteção à indústria nacional, lembrando modelos já aplicados por Getúlio Vargas no Brasil e Juan Perón na Argentina. A tática, conhecida como substituição de importações (ISI), buscava reduzir a dependência de produtos estrangeiros e incentivar a produção local.
Trump chegou a declarar a “independência econômica” dos EUA, numa linguagem similar à usada por Perón em 1947. O ex-presidente americano também usou uma antiga legislação — a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, de 1977 — para aumentar tarifas sobre produtos importados, estratégia parecida com a “lei do similar” usada por Vargas nos anos 1950 para proteger a indústria nacional.
A lógica de Trump é a mesma que impulsionou o protecionismo na América Latina durante o século 20: pressionar empresas estrangeiras a abrirem fábricas no país. Mas economistas alertam que o contexto é diferente e que os riscos são elevados.
A pesquisadora Monica de Bolle, do Instituto Peterson, afirma que o ISI “foi um fracasso retumbante” na América Latina, levando a inflação, desequilíbrios fiscais e indústrias pouco competitivas. Segundo ela, “a história mostra que esse tipo de política, quando adotada sem planejamento ou por longos períodos, tem resultados desastrosos”.
A OCDE alertou nesta semana que o PIB dos EUA pode desacelerar em 2025, caso as tarifas atuais — as mais altas desde 1938 — sejam mantidas. O banco JPMorgan também comparou a estratégia de Trump aos erros econômicos de líderes populistas latino-americanos.
Apesar das críticas, Trump mantém sua postura. Recentemente, dobrou as tarifas sobre aço e alumínio estrangeiros, alegando proteger a segurança industrial dos EUA.
Enquanto países como o México abandonaram o ISI e se industrializaram por meio de acordos de livre comércio, Brasil e Argentina ainda enfrentam os efeitos de décadas dessa política. A grande questão agora é se os EUA caminharão pelo mesmo caminho.
