O aumento dos chamados "bebês do Ozempic" acendeu um alerta entre especialistas e órgãos reguladores da saúde. Medicamentos como Wegovy (semaglutida) e Mounjaro (tirzepatida), usados para perda de peso, podem reduzir a eficácia dos anticoncepcionais orais.
O órgão regulador de medicamentos do Reino Unido emitiu orientação após receber 40 relatos de gravidez não planejada entre mulheres que usavam essas injeções e também tomavam anticoncepcionais.
Esses medicamentos atuam imitando o hormônio intestinal GLP-1, que suprime o apetite e retarda o esvaziamento gástrico. A tirzepatida também age sobre o hormônio GIP, intensificando os efeitos de saciedade.
O problema ocorre porque, ao retardar a saída dos alimentos do estômago, essas drogas também atrasam a absorção do etinilestradiol, componente presente em muitas pílulas anticoncepcionais. Um estudo de 2024 mostrou que a tirzepatida reduziu em 20% os níveis de etinilestradiol no sangue, além de atrasar a absorção total por até quatro horas.
Essa interferência pode comprometer a eficácia contraceptiva, aumentando o risco de gravidez mesmo com uso correto da pílula. O efeito é mais notável com a tirzepatida, usada no Mounjaro, do que com a semaglutida, presente no Wegovy.
A explicação mais aceita é que o atraso na absorção impede que o anticoncepcional atue no tempo certo para suprimir a ovulação. Como o etinilestradiol é absorvido no intestino delgado, qualquer alteração no tempo de trânsito gastrointestinal pode impactar sua eficácia.
Especialistas recomendam atenção redobrada para mulheres em idade fértil que fazem uso dessas medicações e sugerem métodos contraceptivos alternativos ou combinados durante o tratamento.
