A saída de Fábio Wajngarten do Partido Liberal (PL), confirmada nesta semana, escancarou a divisão interna na direita brasileira às vésperas da eleição presidencial de 2026. O advogado e ex-marqueteiro de Jair Bolsonaro foi desligado após um pedido direto de Michelle Bolsonaro, motivado por conversas em que ele e Mauro Cid ironizavam uma eventual candidatura da ex-primeira-dama.
As mensagens, trocadas em janeiro de 2023 e reveladas pelo portal UOL, mostram que as divergências sobre os rumos do bolsonarismo começaram ainda antes da inelegibilidade de Jair Bolsonaro, decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em junho do mesmo ano.
De um lado está a ala mais fiel à família Bolsonaro, que defende que o sucessor político do ex-presidente saia de seu próprio núcleo. Michelle é vista como um nome viável, especialmente por setores mais conservadores, e sua eventual candidatura poderia garantir influência e proteção ao ex-presidente.
De outro, há grupos da direita que enxergam na candidatura de Michelle uma opção frágil diante do cenário jurídico adverso, com as investigações sobre tentativa de golpe em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). Wajngarten e Mauro Cid fazem parte dessa ala, que vê Michelle com mais chances em uma disputa ao Senado.
A crise se aprofunda com a falta de consenso dentro da própria família. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), mais pragmático, já teria manifestado apoio a Michelle como possível cabeça de chapa, caso ela se viabilize. Outros filhos, porém, resistem à ideia.
A demissão de Wajngarten, figura próxima ao ex-presidente e atuante na comunicação do PL, simboliza a dificuldade do grupo em definir um nome de consenso para 2026 e evidencia o enfraquecimento da coesão bolsonarista após a saída de cena do ex-presidente.