Uma investigação publicada pelo jornal norte-americano The New York Times revelou como o Brasil se tornou um dos principais esconderijos para espiões russos. Segundo a apuração, ao menos nove agentes secretos ligados ao governo de Vladimir Putin usaram o sistema de registro civil brasileiro para obter documentos legais e atuar em missões internacionais.
O repórter Álvaro Pereira Júnior, do Fantástico, explicou ao podcast O Assunto que o processo de “lavagem de identidade” começa com a obtenção de certidões de nascimento em cartórios de zonas rurais, muitas vezes com o auxílio de testemunhas e sem exigência de documentação anterior. A partir disso, os agentes emitem RG, CPF e, finalmente, o passaporte brasileiro.
Esse passaporte é altamente valorizado porque permite entrada em dezenas de países sem necessidade de visto e é aceito sem grandes suspeitas, dada a diversidade étnica do povo brasileiro. “Qualquer pessoa de qualquer aparência pode se passar por brasileiro”, destacou Álvaro.
Um dos casos mais conhecidos é o de Sergey Cherkasov, que viveu no Brasil sob o nome Victor Miller Ferreira e tentou se infiltrar no Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, na Holanda. Ele foi preso em 2022, mas seu caso revelou a amplitude da operação de espionagem.
A investigação aponta que o Brasil, pela facilidade de acesso a documentos legítimos e falta de cruzamento de dados, se tornou uma verdadeira “fábrica de espiões”.
