O café moído acumula alta de 80,2% nos últimos 12 meses, segundo dados do IPCA divulgados nesta sexta-feira (9) pelo IBGE. É a maior inflação do produto desde maio de 1995, quando o índice chegou a 85,5%, logo após a implementação do Plano Real.
Somente em abril, o café subiu 4,48%, mantendo a tendência de alta, embora em ritmo mais lento. Em março, o aumento foi de 8,14%, e, em fevereiro, 10,77% — maior valor mensal em 26 anos.
A disparada nos preços é explicada por uma combinação de fatores. O principal deles é o clima adverso: calor intenso e longos períodos de seca afetaram a produção brasileira, levando as plantas a abortarem os frutos. Além disso, geadas e ondas de calor vêm impactando o cultivo desde 2020.
Outro fator relevante é a quebra de safra em grandes países produtores, como o Vietnã, além da alta do dólar, que encarece o café no mercado interno. O custo da logística internacional também aumentou, com guerras no Oriente Médio elevando o preço dos contêineres usados na exportação.
A demanda crescente também pressiona a oferta. O Brasil, maior produtor e exportador mundial, vem expandindo sua presença em mercados como a China, que subiu da 20ª para a 6ª posição entre os maiores compradores de café brasileiro desde 2023.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), os preços continuarão pressionados até que a produção e a oferta se estabilizem. Enquanto isso, produtores estão lucrando até 150% a mais com a valorização do grão.