Empresas brasileiras de vários setores estão tomando medidas emergenciais para reduzir os impactos da nova tarifa de importação dos Estados Unidos. A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump, entra em vigor em 1º de agosto e impõe uma taxação de 50% sobre produtos brasileiros, como ferro gusa, carne bovina e madeira.
Em Matozinhos (MG), uma siderúrgica que produz ferro gusa paralisou as atividades nesta sexta-feira (25) e entrou em férias coletivas. "Não é um momento muito legal. A gente sai de férias, infelizmente, umas férias meio forçadas", disse Elton Silva, supervisor do setor de carvão da empresa.
O forno da fundição será desligado no domingo (27). O operador Carlos Alberto Souza também entra em recesso. "Quando é férias programadas você pode viajar, pescar. Mas agora, a gente fica em casa mesmo aguardando", relatou.
O empresário André Ribeiro, dono da usina, afirma que a produção é majoritariamente voltada à exportação: "Hoje, 80% vai para os EUA. O comprador suspendeu as entregas. Produzir sem ter para quem vender não compensa".
Férias coletivas e paralisações têm sido adotadas como formas de evitar prejuízos maiores. "Os empresários estão se precavendo diante da tributação adicional. Já se percebe efeitos como férias coletivas", explica João Pedro Revoredo, economista da UFMG.
Em Mato Grosso do Sul, empresas do setor de carne estão redirecionando a produção para mercados como China, Sudeste Asiático e Oriente Médio. O sindicato dos produtores afirma que a nova tarifa inviabiliza a exportação para os EUA.
Em Santa Catarina, uma empresa do setor madeireiro, com 65 contêineres mensais enviados para os EUA, decretou férias coletivas pela primeira vez em 60 anos. "Aguardamos bom senso dos governos para preservar empregos", disse João Jairo Canfield, CEO do Grupo Ipumirim.
O Brasil exportou mais de US$ 600 milhões em ferro gusa para os EUA até junho de 2025, e o setor teme perdas ainda maiores se a tarifa for mantida.