O governo brasileiro iniciou articulações discretas com autoridades dos Estados Unidos após declarações do secretário de Estado Marco Rubio indicarem possível sanção contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A fala de Rubio ocorreu em audiência no Congresso americano no dia 21 de maio, ao mencionar a aplicação da Lei Global Magnitsky — legislação que permite sanções contra estrangeiros acusados de violar direitos humanos ou praticar corrupção.
A possibilidade de punição a Moraes provocou reação imediata do Itamaraty, que classificou a declaração como interferência indevida em assuntos internos e ofensiva ao Judiciário brasileiro. De acordo com diplomatas, conversas em alto nível foram iniciadas para conter a tensão e garantir que a relação entre Brasil e Estados Unidos permaneça dentro dos princípios do pragmatismo diplomático.
Mesmo diante de tensões políticas — como a proximidade de Donald Trump com Jair Bolsonaro e o apoio declarado de Lula à chapa de Kamala Harris nas eleições americanas — a posição oficial do governo é preservar os laços comerciais e institucionais entre os países. Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China.
Alexandre de Moraes, relator da ação penal que acusa Bolsonaro de tentativa de golpe após as eleições de 2022, tornou-se figura central em conflitos envolvendo a base bolsonarista e nomes próximos a Trump, como o deputado Cory Mills. Durante sessão na Câmara americana, Mills alegou que o Brasil vive um “retrocesso em direitos humanos” e que Bolsonaro estaria prestes a virar um “preso político”.
A crise diplomática ainda está em estágio inicial, mas deve ser monitorada de perto pelo Palácio do Planalto e pelo STF.