A arqueóloga Niède Guidon, referência mundial na arqueologia e idealizadora do Parque Nacional da Serra da Capivara, será sepultada nesta quinta-feira (5), justamente no dia em que o parque completa 46 anos de criação. Ela faleceu aos 92 anos, nesta quarta-feira (4), em São Raimundo Nonato (PI), cidade onde morou por décadas e deixou um legado de dedicação à ciência e ao patrimônio cultural brasileiro.
O velório ocorreu pela manhã, restrito a familiares e amigos mais próximos, no Museu do Homem Americano. No período da tarde, o espaço foi aberto ao público para que admiradores e moradores pudessem se despedir e prestar homenagens à pesquisadora.
O sepultamento ocorreu no jardim de sua residência, conforme desejo manifestado por Niède em vida.
Em nota, o governador do Piauí, Rafael Fonteles, decretou luto oficial de três dias e destacou a importância da trajetória da cientista:
“Niède dedicou sua vida à ciência e à preservação do Parque Nacional da Serra da Capivara, transformando o Piauí em protagonista global na conservação da natureza e do patrimônio cultural da humanidade. Sua contribuição seguirá inspirando gerações. Que Deus a receba e conforte familiares, amigos e admiradores.”
Niède Guidon foi responsável por colocar o Brasil no centro dos debates sobre a presença humana nas Américas, com descobertas arqueológicas que contestaram teorias tradicionais sobre a ocupação do continente. Seu trabalho resultou no reconhecimento da Serra da Capivara como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco.
Ela também fundou a Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM), responsável por coordenar pesquisas e promover ações de conservação e educação ambiental na região.
A morte de Niède Guidon representa uma perda irreparável para a ciência brasileira, mas seu legado continuará vivo nas trilhas, sítios arqueológicos e nas memórias da população que conviveu com sua dedicação ao desenvolvimento sustentável e cultural do semiárido piauiense.