Senado aprova aumento de deputados; texto volta à Câmara

Proposta eleva de 513 para 531 o número de deputados federais; Senado inclui travas de despesas e correção de texto. Projeto precisa ser sancionado até 30 de junho.

Redação NX Notícias
25/06/2025 20h01 - Atualizado há 2 dias
Senado aprova aumento de deputados; texto volta à Câmara
Foto: Andressa Anholete/Agência Senado

O Senado Federal aprovou nesta quarta-feira (25) o projeto que amplia o número de deputados federais de 513 para 531. A proposta recebeu 41 votos favoráveis, o mínimo necessário para aprovação, e agora retorna à Câmara dos Deputados, onde serão analisadas as modificações incluídas pelo relator, senador Marcelo Castro (MDB-PI).

A tramitação precisa ser concluída até o dia 30 de junho, prazo determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que exige a atualização da representação parlamentar com base nos dados do último Censo Demográfico.

Impacto financeiro e mudanças no Senado

No formato original, aprovado pela Câmara, o aumento de vagas poderia gerar um custo de até R$ 150 milhões por ano. Com as alterações feitas no Senado, o impacto estimado caiu para cerca de R$ 95 milhões anuais. Ao longo de quatro anos de mandato, o valor pode chegar a R$ 380 milhões.

Entre as mudanças, o novo texto proíbe a criação de despesas extras com cotas parlamentares, passagens aéreas e verbas de gabinete. No entanto, a remuneração dos novos deputados não foi incluída nessa trava, o que deve representar R$ 10 milhões por ano. As outras despesas, estimadas em R$ 55 milhões, deverão ser divididas entre os 531 parlamentares, mantendo o limite orçamentário de 2025.

O senador Marcelo Castro justificou que o teto de gastos deve considerar a atualização monetária ao longo do tempo, garantindo equilíbrio fiscal sem engessar o orçamento.

“O teto de despesas precisa levar em conta a realidade dos gastos do exercício corrente”, afirmou o relator.

Aprovação apertada na Câmara

A proposta foi aprovada na Câmara dos Deputados no início de maio com 270 votos a favor e 207 contrários. PSOL, Cidadania, Novo e Rede foram as siglas que votaram majoritariamente contra o aumento de cadeiras.

Um dos trechos mais polêmicos do projeto original exigia que os dados do Censo fossem validados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e poderiam ser impugnados por partidos políticos ou estados. O Senado revogou essa exigência, em defesa da autonomia do IBGE como órgão responsável pela produção de estatísticas oficiais.

“A proposta enfraquecia a credibilidade técnica do IBGE”, alertou o senador Alessandro Vieira (MDB-SE).

Efeitos nos estados e nas Assembleias Legislativas

A mudança na composição da Câmara impacta diretamente as Assembleias Legislativas estaduais, já que a Constituição Federal estabelece uma relação proporcional entre os deputados federais e estaduais.

Se for sancionado, o projeto resultará na criação de 30 novas vagas estaduais, o que representa um gasto adicional estimado em R$ 85 milhões por ano.

Os principais gastos seriam:

  • R$ 56 milhões com verbas de gabinete

  • R$ 16 milhões com cotas parlamentares

  • R$ 13 milhões com salários dos novos deputados estaduais

Estados que devem ganhar novas vagas

  • Amazonas, Mato Grosso e Rio Grande do Norte: 6 vagas cada

  • Pará e Santa Catarina: 4 vagas cada

  • Ceará, Goiás, Minas Gerais e Paraná: 1 vaga cada

Estimativa de aumento de despesas por estado:

  • Mato Grosso: R$ 22.303.774,08

  • Amazonas: R$ 17.309.940,48

  • Rio Grande do Norte: R$ 15.378.700,44

  • Santa Catarina: R$ 10.973.770,52

  • Pará: R$ 9.646.774,72

  • Minas Gerais: R$ 2.733.766,80

  • Paraná: R$ 2.709.507,62

  • Ceará: R$ 2.269.422,61

  • Goiás: R$ 2.112.932,02

Origem do projeto e fundamento constitucional

A proposta foi articulada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), com o objetivo de evitar perdas de cadeiras para alguns estados, como previa a redistribuição determinada pelo STF.

O texto prevê que nenhum estado perderá representantes. A regra constitucional mantém o número de no mínimo 8 e no máximo 70 deputados federais por estado, com atualizações a serem feitas conforme critérios semelhantes ao quociente eleitoral.

Inicialmente, a Câmara estabeleceu que apenas dados oficiais do Censo poderiam ser usados para redistribuição. O Senado retirou essa limitação, abrindo espaço para uso de estimativas atualizadas e não restritas ao levantamento amostral, reforçando a validade do trabalho do IBGE.

Decisão do STF e cenário se Congresso não votar

A atualização da representação parlamentar foi determinada pelo Supremo Tribunal Federal em 2023, com prazo até 30 de junho de 2025. Se o Congresso não aprovar a nova composição até essa data, a responsabilidade de definir o número de deputados por estado passará ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Segundo o STF, o número total de 513 deputados federais deve ser mantido, mas os estados poderão ganhar ou perder vagas, conforme o tamanho de suas populações no Censo de 2022.

Sete estados perderiam cadeiras: Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Outros sete ganhariam: Amazonas, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará e Santa Catarina.


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