Lula descarta ligar para Trump e promete ação conjunta com Brics

Presidente rejeita retaliação aos EUA após tarifaço e afirma que discutirá soluções com países do Brics. “Não vou me humilhar”, disse Lula em entrevista à Reuters.

Redação NX Notícias
06/08/2025 20h13 - Atualizado há 3 horas
Lula descarta ligar para Trump e promete ação conjunta com Brics
Foto: Adriano Machado/Reuters

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não pretende ligar para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Em entrevista à agência Reuters, Lula foi direto: “O dia que a minha intuição disser que o Trump quer conversar, eu ligo. Mas hoje, não. E eu não vou me humilhar”.

A declaração foi dada após a entrada em vigor do chamado tarifaço, medida que afeta cerca de 35,9% das exportações do Brasil para os EUA. Setores como carne e café foram atingidos, enquanto suco de laranja, aeronaves, petróleo e fertilizantes ficaram fora da lista.

Lula negou qualquer intenção de retaliar os EUA. Segundo ele, medidas semelhantes aumentariam a inflação no Brasil. “Não quero ter o mesmo comportamento dele. Quando um não quer, dois não brigam. Eu não quero brigar com os EUA”.

Mesmo com baixa expectativa de resultado, o governo brasileiro acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC) e pediu consultas formais aos EUA — etapa inicial para abertura de um painel internacional.

O presidente também pretende discutir o impacto das tarifas com os países do Brics. “Dez países do Brics fazem parte do G20. Vamos entender como isso impacta cada país e pensar juntos numa decisão coletiva”.

Lula criticou a postura unilateral de Trump: “O presidente Trump é contra o multilateralismo. Ele prefere negociar país com país, fora da OMC”. Ele também chamou de “ataque à soberania” as críticas dos EUA ao sistema judiciário brasileiro, em especial no caso do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Lula, Trump tenta interferir por motivações ideológicas e eleitorais.

Por fim, Lula ressaltou que o Brasil é soberano para regular empresas de tecnologia que atuam no país, rejeitando pressões do governo norte-americano sobre as propostas de regulação das big techs.


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