A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quarta-feira (20) o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
O inquérito aponta que Eduardo atuou junto ao governo de Donald Trump para incentivar medidas de retaliação contra o Brasil e contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Entre as ações já adotadas pelos EUA estão o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, uma investigação contra o Pix e sanções financeiras ao ministro Alexandre de Moraes, com base na Lei Magnitsky.
De acordo com a PF, Bolsonaro enviou recursos por Pix para custear a estadia do filho nos Estados Unidos, enquanto ele buscava apoio político e diplomático contra decisões da Justiça brasileira. O relatório cita ainda que Trump e membros de seu governo classificaram as investigações no Brasil como uma "caça às bruxas".
A abertura do inquérito foi solicitada pelo procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, e enviada ao STF em maio. O caso foi distribuído ao ministro Alexandre de Moraes, relator também das ações sobre a trama golpista e do inquérito das fake news.
Eduardo Bolsonaro pediu licença de 122 dias do mandato em março e mudou-se para os EUA, alegando perseguição política. Na última semana, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), encaminhou à Comissão de Ética um pedido de cassação do deputado, após representações feitas por PT e PSOL.
Agora, caberá à Procuradoria-Geral da República decidir se apresenta denúncia formal contra Jair e Eduardo Bolsonaro no Supremo.