A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) se posicionou contra a inclusão dos medicamentos Wegovy (semaglutida) e Saxenda (liraglutida) na rede pública de saúde para o tratamento da obesidade. Conhecidos como “canetas emagrecedoras”, os remédios foram avaliados em reunião no dia 8 de maio, cujo vídeo foi publicado apenas nesta terça-feira (13).
Segundo a Conitec, o alto custo dos medicamentos e a necessidade de acompanhamento especializado, como suporte psicológico e mudanças no estilo de vida, foram determinantes para o parecer desfavorável. A comissão argumenta que esses fatores dificultariam a implementação em larga escala no Sistema Único de Saúde.
A semaglutida foi analisada para o tratamento da obesidade graus 2 e 3 em pacientes sem diabetes, com idade a partir de 45 anos e doença cardiovascular estabelecida. A liraglutida foi avaliada para casos de obesidade e diabetes tipo 2. Em ambos os casos, a recomendação foi a abertura de consulta pública, mas com posição inicial contrária à incorporação.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que, a partir de julho, será obrigatória a retenção da receita médica para a venda de medicamentos como Ozempic, Wegovy, Saxenda e similares.
A decisão foi criticada por especialistas da área médica. A endocrinologista Maria Edna de Melo, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), alerta para a ausência de alternativas reais no SUS. “O que se tem hoje de estruturado é a cirurgia bariátrica, mas o acesso a ela é extremamente difícil”, afirmou.
Próximos passos
O parecer da Conitec ainda não é definitivo. Após a consulta pública, as contribuições serão analisadas e integradas ao relatório técnico, que pode confirmar ou alterar a decisão. A versão final será enviada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Sectics), responsável por definir a incorporação ao SUS.