Ficar sentado por longos minutos no vaso, rolando redes sociais ou respondendo mensagens no celular, parece inofensivo, mas pode causar sérios danos à saúde. O uso do aparelho durante a evacuação está ligado a problemas como hemorróidas, constipação, alterações na microbiota intestinal, dores na coluna e até dependência emocional.
Segundo especialistas, a distração interfere no reflexo evacuatório, dificulta o esvaziamento completo do intestino e aumenta a pressão sobre a região anal, mesmo sem esforço. “O simples fato de permanecer sentado por muito tempo já compromete as veias retais”, alerta a gastroenterologista Dra. Roshini Raj, da NYU Langone.
A prática também impacta o assoalho pélvico, estrutura muscular que sustenta o reto, a bexiga e, nas mulheres, o útero. A fisioterapeuta Dra. Luana Antunes explica que a postura inclinada com o celular nas mãos sobrecarrega o pescoço, a lombar e os ombros. Com o tempo, pode levar a fissuras anais, prolapso retal e enfraquecimento muscular.
Dados da NordVPN mostram que 65% dos adultos usam o celular no banheiro — em países como Hong Kong, esse número chega a 90%. A coloproctologista Dra. Marcella Sousa reforça que o tempo no vaso deve ser de no máximo 10 minutos. “A distração pelo celular prolonga esse tempo e muitas vezes leva à realização de força desnecessária”, diz.
Além dos impactos físicos, o uso do celular no vaso reflete um problema emocional: a dificuldade de lidar com o ócio. “Muitos não conseguem estar presentes nem nos momentos mais simples”, aponta a psicóloga Joyce Botte. O hábito, segundo ela, é reforçado socialmente e pode se tornar automático, dificultando o desligamento digital.
Outros riscos incluem:
Síndrome do pescoço de texto (dores cervicais);
Tenossinovite (inflamação dos tendões dos dedos);
Contaminação por germes como E. coli e Salmonella, pois celulares acumulam até 10 vezes mais bactérias que o vaso sanitário.
Deixe o celular fora do banheiro;
Limite o tempo no vaso a 5–10 minutos;
Use um banquinho para os pés, facilitando a evacuação;
Crie um ambiente calmo, sem distrações;
Instale apps com limite de uso ou lembretes conscientes.
“Precisamos reaprender a estar presentes até nos momentos mais simples. Isso é parte de uma vida com mais equilíbrio”, finaliza a psicóloga.