A brasileira Juliana Marins, de 26 anos, será sepultada com recursos da família e de amigos. Ela foi encontrada morta após cair de um penhasco durante trilha no Monte Rinjani, na Indonésia. O corpo foi localizado cerca de 600 metros abaixo da trilha, quatro dias depois do início das buscas.
De acordo com a legislação brasileira, o governo federal não cobre despesas de sepultamento ou translado de cidadãos mortos no exterior. A Lei 9.199/1997 é clara ao estabelecer que a assistência consular não inclui o pagamento de despesas com sepultamento nem com o transporte do corpo, tampouco gastos hospitalares — exceto em situações médicas específicas ou emergências humanitárias.
O Itamaraty deslocou três funcionários da embaixada brasileira na Indonésia para acompanhar a operação de resgate. A missão ocorre a mais de 1.200 km da capital Jacarta.
Segundo informações oficiais, a prioridade da diplomacia brasileira é concluir o resgate e apoiar os familiares. Somente após isso será possível investigar eventuais negligências ou responsabilidades.
Os diplomatas ressaltam que as condições do terreno são extremamente adversas. O resgate do corpo levou quase um dia inteiro, e o deslocamento até o local da autópsia pode durar mais duas horas, devido à distância de centros urbanos.
Uma das informações repassadas inicialmente, de que a equipe de resgate teria levado água e comida à brasileira, foi equivocada, segundo o Itamaraty. A família publicou no domingo (22) que isso não ocorreu, pois as cordas não tinham tamanho suficiente para alcançar Juliana. No entanto, há dúvidas se a jovem permaneceu no mesmo ponto ou se teria se movido, dificultando o planejamento da operação.
A tragédia reacendeu a discussão sobre as recomendações oficiais a turistas brasileiros que praticam esportes ou atividades de aventura no exterior. Atualmente, as orientações são genéricas e datadas de 2021. Elas deixam claro que a decisão de visitar áreas de risco é de inteira responsabilidade do cidadão, e que a assistência consular é muito limitada.
Diante do caso de Juliana e de outras situações recentes, o Itamaraty analisa revisar essas recomendações. A ideia é incluir critérios mais claros sobre o que levar nas trilhas, como escolher empresas locais e reforçar que as diretrizes têm caráter apenas orientativo.
Desde 2023, o governo brasileiro já desaconselha viagens para países do Oriente Médio em conflito. Mesmo assim, durante a eclosão da guerra no Irã, diversos brasileiros ficaram presos na região.
Diplomatas ouvidos pelo blog ressaltam que o "tempo da diplomacia é diferente do tempo das redes sociais". Vídeos sobre o caso circularam rapidamente na internet, levantando questionamentos sobre a preparação das equipes de resgate indonésias, especialmente diante das condições do Monte Rinjani.
No entanto, os representantes do Itamaraty afirmam que todas as autoridades indonésias foram solícitas, desde o início das buscas. Contatos têm sido feitos com o chanceler da Indonésia e com o governador da região onde ocorreu o acidente.