Trabalhadora doméstica de 76 anos é resgatada de trabalho escravo em Minas Gerais

Após 25 anos de serviço e cinco sem receber salário, idosa foi resgatada em Ubá por auditores do MTE com apoio do MPT e da Polícia Federal; ação garantiu pagamento de direitos trabalhistas.

Redação Nx Notícias
15/10/2025 01h06 - Atualizado há 10 horas
Trabalhadora doméstica de 76 anos é resgatada de trabalho escravo em Minas Gerais
Divulgação

Uma trabalhadora doméstica de 76 anos foi resgatada de condições análogas à escravidão após trabalhar 25 anos em uma residência no município de Ubá (MG) — sendo os últimos cinco sem receber salário. A operação foi conduzida por auditores-fiscais do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais (SRTE/MG), com apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Polícia Federal (PF).

De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a mulher exercia funções de empregada doméstica e cuidadora desde o ano 2000, cuidando de uma idosa que faleceu em 2025. Ela foi contratada no final de 1999 para o serviço e, no início, recebia meio salário mínimo por mês. Com o agravamento da saúde da idosa, os filhos deixaram de efetuar qualquer pagamento.

O auditor-fiscal do Trabalho Luciano Rezende, coordenador da operação, explicou que a denúncia partiu da própria vítima. “A família — no caso, os filhos da pessoa que recebia os cuidados — deixou de realizar qualquer pagamento nos últimos cinco anos, abandonando a mãe aos cuidados da trabalhadora, que se sentia moralmente obrigada a continuar cuidando da empregadora”, afirmou.

Durante todo o período, a trabalhadora não teve férias, 13º salário ou descanso semanal e dormia em um quarto minúsculo, localizado em frente ao da patroa, para atendê-la inclusive durante a madrugada. Após o falecimento da idosa, ela continuou cuidando da casa da família.

Luciano Rezende destacou que, se os empregadores tivessem cumprido suas obrigações, a trabalhadora poderia ter se aposentado por idade em 2012, mas acabou perdendo 13 anos de aposentadoria.

Após o resgate, o MTE determinou o encerramento do contrato, o registro formal da empregada e o pagamento integral dos direitos trabalhistas acumulados desde o início da relação de trabalho. A vítima também receberá três parcelas do seguro-desemprego especial, benefício previsto em lei para pessoas resgatadas de trabalho escravo.

Foram lavrados 13 autos de infração, e os empregadores foram notificados a recolher o FGTS devido. A ação segue em andamento, acompanhada pelos auditores e pelo MPT, até que todos os direitos da trabalhadora sejam garantidos.


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