SSP-SP investiga uso de etanol adulterado em bebidas com metanol

Polícia suspeita que falsificadores compravam combustível adulterado de postos para fabricar bebidas ilegais; cinco mortes já foram confirmadas no estado.

11/10/2025 04h07 - Atualizado há 2 dias
SSP-SP investiga uso de etanol adulterado em bebidas com metanol
Divulgação/UFPR

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) investiga a origem do metanol encontrado em bebidas adulteradas e trabalha com a hipótese de que o produto tenha vindo de etanol combustível adulterado, adquirido em postos ligados ao crime organizado. A suspeita surgiu após análises apontarem contaminação em amostras apreendidas durante as operações de combate à falsificação.

De acordo com o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, há indícios de que o Primeiro Comando da Capital (PCC) esteja envolvido na adulteração e na venda irregular do etanol. “O crime organizado adulterava o etanol para lucrar, e esse etanol contaminado acabou sendo usado por falsificadores de bebidas”, afirmou o secretário.

As investigações começaram após o primeiro óbito confirmado por intoxicação, entre os cinco já registrados no estado. Em um bar frequentado por uma das vítimas, foram apreendidas nove garrafas — oito delas com presença de metanol, variando de 14,6% a 45,1% do conteúdo.

Segundo a Polícia Técnico-Científica, algumas garrafas continham apenas metanol, sem traços de etanol. Ao todo, 1,8 mil garrafas foram recolhidas em diversos estabelecimentos. Das 300 já periciadas, cerca de 50% apresentaram concentração de metanol entre 10% e 45%.

O proprietário do bar confessou que adquiriu as bebidas de uma distribuidora não autorizada, também investigada. Conforme a polícia, a distribuidora usava etanol comprado em postos de combustíveis na fabricação das bebidas. “O falsificador foi ao posto comprar etanol para falsificar a bebida, e o dono do posto vendeu etanol adulterado com metanol”, explicou Derrite.

A SSP informou que os envolvidos poderão responder por associação criminosa e até homicídio culposo. O Ministério Público acompanhará as próximas etapas da investigação.

No fim de setembro, o governador Tarcísio de Freitas afirmou que o problema das contaminações por metanol em bebidas é “estrutural” e não tem relação direta com facções criminosas, mas o caso ainda está sob apuração.


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