Estudantes de Medicina da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), em Guarujá (SP), denunciam condições abusivas durante o internato obrigatório realizado no Hospital Santo Amaro. Segundo os relatos, eles enfrentam plantões de até 24 horas sem local apropriado para descanso e são obrigados a dormir no chão, sob risco de reprovação.
Dois universitários ouvidos pelo g1 relataram que não há horário definido para repouso, e que a coordenação não se comunica de forma eficaz com os alunos. “A carga horária é exaustiva, e quem tenta descansar é punido. Já dormimos no chão por falta de estrutura”, contou um deles.
Além da carga horária, que segundo os relatos ultrapassa 60 horas semanais, os estudantes afirmam que orientadores já reclamaram até dos intervalos para almoço. Eles dizem ainda que vivem sob clima de medo e pressão, especialmente após o caso de Roberto Fakhoure, aluno que acusa a universidade de falsificar sua assinatura em uma ata de reunião para impedi-lo de recorrer de uma reprovação.
Fakhoure alega que a falsificação foi usada para barrar sua tentativa de levar denúncias sobre as “condições subumanas” do internato ao campus principal da Unoeste, no interior. Uma perícia técnica contratada por ele teria comprovado a falsificação da assinatura.
A Unoeste nega as acusações e afirma, em nota, que o curso de Medicina do campus Guarujá possui nota máxima no MEC. Já o Hospital Santo Amaro declarou que mantém diálogo aberto com a universidade e que oferece boas condições para estudantes e profissionais da saúde.
Especialistas ouvidos pelo g1 alertam para os impactos que plantões extensos, falta de descanso e pressão psicológica podem causar na formação médica e na saúde mental dos estudantes.