O julgamento que analisa a responsabilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete acusados na suposta trama golpista teve nesta quarta-feira (3) um dia dedicado às manifestações das defesas. Durante a sessão, no Supremo Tribunal Federal (STF), os advogados questionaram a validade das provas apresentadas e criticaram a colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid.
O advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, afirmou que não existe qualquer ligação entre o ex-presidente e os ataques de 8 de janeiro: “Essa minuta, esse depoimento, não há uma única prova que atrele o presidente Bolsonaro à Operação Luneta, ao Punhal Verde e Amarelo e ao 8 de janeiro. Nem o delator falou isso.”
Para a defesa, Mauro Cid não teria credibilidade, já que alterou versões ao longo do processo. Vilardi destacou que a própria Polícia Federal apontou contradições nos depoimentos do ex-ajudante de ordens: “Ele mudou a versão várias vezes. Isso está em relatório da PF e do Ministério Público Federal, que registraram omissões e contradições.”
Outro ponto levantado foi a dificuldade de acesso ao volume de documentos reunidos pela investigação. O advogado alegou que a defesa não teve tempo suficiente para examinar o material produzido pela Polícia Federal: “São bilhões de documentos, e nós não tivemos o mesmo tempo que os investigadores para analisá-los.”
Vilardi também disse que Bolsonaro teria determinado a transição de governo para Luiz Inácio Lula da Silva, contrariando a tese de que haveria resistência à mudança de gestão. “A prova produzida pela defesa mostra que o presidente Bolsonaro determinou uma transição.”
Ao concluir, pediu a absolvição do ex-presidente e considerou exagerada a possibilidade de uma pena de 30 anos: “Uma pena de 30 anos não seria razoável.”
A sessão durou quase quatro horas e foi suspensa. A análise do caso será retomada no próximo dia 9, quando os ministros do STF iniciam a votação.