O governo da Venezuela, chefiado por Nicolás Maduro, teria proposto aos Estados Unidos um acordo inédito para permitir o acesso de empresas norte-americanas aos setores de petróleo e mineração do país. Segundo o New York Times, as negociações ocorreram em sigilo e tinham o objetivo de reduzir a pressão diplomática e evitar sanções mais duras impostas pelo governo de Donald Trump.
De acordo com fontes ouvidas pelo jornal, Caracas ofereceu participação norte-americana em todos os projetos de exploração de petróleo e ouro, atuais e futuros, com contratos preferenciais e redirecionamento de exportações destinadas à China. O plano também incluía a redução de acordos energéticos com Rússia, Irã e China, parceiros tradicionais do regime chavista.
As conversas envolveram mais de 12 autoridades venezuelanas e americanas e ocorreram em meio a uma crise diplomática marcada por acusações de narcoterrorismo. Parte do governo Trump via potencial para uma aproximação, enquanto o então secretário de Estado Marco Rubio liderava a ala contrária, classificando Maduro como “fugitivo da justiça norte-americana”.
Mesmo com divisões internas, o enviado especial Richard Grenell chegou a negociar diretamente com emissários de Maduro. As tratativas se concentraram em pautas econômicas, sem avanços sobre o futuro político do líder venezuelano.
Nos bastidores, Maduro chegou a romper com o nacionalismo econômico tradicional do chavismo, buscando atrair investimentos americanos. A PDVSA concedeu à Chevron o controle total de projetos conjuntos e reabriu negociações com a ConocoPhillips. Segundo o NYT, a Chevron e a Shell receberam novas licenças dos EUA para operar no país, após gestos diplomáticos que incluíram a libertação de um militar norte-americano.
Entretanto, a oposição venezuelana rejeitou o acordo. A líder María Corina Machado, premiada com o Nobel da Paz por sua luta democrática, afirmou que “sem democracia e estado de direito, nenhum investimento é sustentável”. Assessores da opositora disseram que o regime busca apenas “manter o controle pelo medo”.
Hoje, a produção de petróleo venezuelana está em torno de 1 milhão de barris por dia, bem abaixo dos 3 milhões registrados no início do governo Hugo Chávez. Apesar da abertura diplomática, Maduro segue no poder sob forte isolamento internacional e sanções vigentes.