As empresas estatais controladas pelo governo federal registraram prejuízo acumulado de R$ 8,9 bilhões nos 12 meses encerrados em agosto de 2025, segundo dados do Banco Central compilados pela CNN. O valor é mais que o dobro das perdas verificadas até agosto de 2024, revelando deterioração no desempenho financeiro das companhias públicas.
O cenário representa uma inversão de tendência. Durante o governo Jair Bolsonaro (2019–2022) e o último ano de Michel Temer (2018), as estatais obtiveram lucros consistentes. Com o retorno de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência, entretanto, os balanços voltaram a registrar resultados negativos de forma recorrente.
Para sustentar as operações, o governo ampliou os repasses do Tesouro Nacional, que totalizaram R$ 27 bilhões em 2024, R$ 3 bilhões a mais que no ano anterior. As principais beneficiadas foram a Ebserh, que recebeu R$ 11,5 bilhões, e a Embrapa, com valores bilionários para manutenção das atividades.
A pior situação é a dos Correios, que registraram prejuízo líquido de R$ 4 bilhões no primeiro semestre de 2025, mesmo com receita de R$ 8 bilhões. As perdas cresceram 220% em relação ao mesmo período de 2024, impactadas pelo aumento dos custos administrativos e pela queda nas entregas de e-commerce.
Diante da crise, o governo estuda um empréstimo emergencial de R$ 20 bilhões à estatal. O agravamento das contas ocorre em meio ao esforço do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para recompor receitas e conter o déficit primário.
Economistas avaliam que o crescimento das despesas com estatais pode pressionar o arcabouço fiscal e dificultar a meta de equilíbrio das contas até 2026.
“Há um problema estrutural de eficiência e controle. O governo tenta reverter isso com mais recursos, mas o modelo é insustentável no longo prazo”, afirmou um economista ouvido pela CNN.